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Que processo de educação é esse?

Nem é preciso um olhar mais atento pra se verificar o dilema e a perplexidade que invade a todos que assistem o desenrolar do panorama diário do nosso país. A busca incessante por novas pesquisas, pois as doenças grassam (sem contar as que retornam, com força duplicada), as fontes energéticas finitas chegando ao esgotamento, a violência impedindo o livre acesso de ir e vir, sem que o fantasma do medo se instale em todas as famílias, a necessidade crescente de alimentos desintoxicados, a política velada sorvendo os alicerces dos trabalhadores e servidores de nossas administrações, as lutas sem trégua, entre irmãos por um pedaço de chão, rebeliões de todos os tipos  abalando uma sociedade , que cada vez mais precisa de suporte para gerir, com eficiência, o seu papel de gerenciamento e transformação desse momento caótico. Assim é o quadro dos dias de hoje... Uma infeliz conexão com a barbárie e a intolerância, onde as vítimas somos nós, cidadãos, que por comodismo, ou pela simples condição de sempre tutelados, nunca nos demos conta o quanto a falta de cidadania nos embrutece as possibilidades.

          E essa cidadania, que hoje se divulga , e até se exige, não deveria ser uma prioridade ensinada nas escolas, como uma vertente segura de direitos e deveres respeitados? Talvez com uma aprendizagem menos intelectual e estética, mais voltada pra vida real e suas necessidades, conseguíssemos criar verdadeiros cidadãos. Não estes, de carteirinha, formados às pencas, por decreto; ou àqueles, que tiveram a sorte de discernir e separar o joio do trigo, embora, sempre, de braços cruzados, esperem, ansiosamente, algum milagre social.

       Há muito tempo se fala sobre a necessidade de educar, tomando-se em conta o alto índice de analfabetismo do nosso país. Assim, e não mais podendo recuar , diante as pressões, cada vez mais transparentes, de uma evolução muito lenta, em relação a outros países, hasteou-se a bandeira política das mais diversas facções rumo a uma falsa ideologia educativa.

O que surpreende é que a “EDUCAÇÃO”, como o projeto político concebe ( e ele nunca enxerga o que nós enxergamos), nada tem de a ver com a “EDUCAÇÃO”. Ele se vincula a números, onde assinar um nome é deixar de ser analfabeto e pretensamente, ser educado e ser cidadão.

Talvez a grande confusão tenha se instalado a partir da falta de compromisso real com  o que significa “EDUCAR”. E isso, vale lembrar, muito se choca com “bandeiras” e artifícios eleitoreiros ou políticos.

Educar doa vivências, ouve experiências, abre caminhos, supre necessidades, despoja não só de belezas as verdades, alimenta o corpo e lembra as necessidades do espírito de cada um. Educar é mais que o ato mecânico de ler ou escrever. Vincula-se a um aprendizado de valores, de capacidades diferentes, respeitando os múltiplos desenvolvimentos, segundo as necessidades de cada estudante.

E isso está tão distante da realidade desse vago culto à “educação política”( nem mesmo, digo politizada), onde se traduz que educado é aquele que se presta, sem pestanejar, a todas as vias propostas, hoje, nas escolas, e que faz dos estudantes, nada mais, nada menos que gado de massa de manobra. Que espaço resta na educação de hoje, pra valores éticos ou morais, sejam, eles,  individuais, cívicos ou sociais? E como formar cidadãos dessa forma? Enformados e enlatados??? Seria isto “EDUCAÇÃO”?

Opinião pública bradam jornais,  revistas e televisão... Sim, opinião igual, massificada e distorcida, pois todos, sem distinção, desenvolvem-se segundo padrões de cultura uniformes e irreais para os tempos de hoje. Milhões de cifras, datas, “ismos” e eteceteras (além dos bumbuns, claro) , fazem o  labirinto estático das mentes, vazias de valores e desacreditadas de suas reais condições de aprendizado.    

Este é o resultado, quase cômico ( ou trágico) da manipulação de idéias e da morte suave de muitos ideais... Conveniente?

Muito... Mas não chamem a isso de “EDUCAÇÃO”, por favor.

 

Maria Inês Monteiro