Editorial
2003: só esperança?
O ano de 2002 ficará marcado como um ano de grande participação popular. O povo foi para as ruas em vários momentos, quer seja nas explosões de gols na copa do mundo, quer seja nas eleições presidenciais, onde um candidato de origem popular e sindical foi eleito, e as bandeiras vermelhas foram desfraldadas pelas ruas e na TV.
O importante a se cuidar é para que essa participação do povo não seja momentânea, isto é, não fique apenas nas comemorações, mas esteja presente também nos momentos de reivindicações, e a demanda no país é grande em relação ao que é reivindicado.
O ano que se avizinha apresenta algumas inquietações, e é bem possível que o conflito entre USA e Iraque ocorra, pois o petróleo, que é o sangue do capitalismo, e por causa dele muitos inocentes morreram (principalmente no Iraque), mais uma vez ’a razão instrumental’ (como afirmavam os filósofos da Escola de Frankfurt), fala mais alto.
É claro que uma guerra desse âmbito afeta o mundo todo, cada vez mais globalizado, e nossa economia será duramente afetada.
Por outro lado, em relação à política nacional, existe uma grande incógnita, a composição ministerial do governo eleito com muita perspectiva e esperança, mostra-se por demais ambíguo, faz chorar uma senadora (Luiza Helena, identificada com as alas mais populares do seu partido), contra a indicação de Henrique Meirelles, ligado aos banqueiros internacionais para o Banco Central. E não é só isso, as principais alas do PMDB (partido que, de sua história de oposição à ditadura militar, transformou-se em um grande partido fisiológico, no pior sentido deste termo), certamente estarão acopladas, de uma forma ou de outra, também ao novo governo. Sem falar que lá estarão também os stalinistas do PC do B, outros menos votados e pronto! Não se sabe, pois, precisamente, que linha será adotada.
O que há muito se reivindica, é por todos sabido: reforma agrária, mais verbas para saúde e educação, salário mínimo digno etc. É grande a demanda, as questões sociais e econômicas do país (por conta dos descasos de séculos!) são urgentes.
Porém, fala-se em esperança! Desde 1500, em um certo abril, os que aqui vivem parecem não perder a esperança. O grande problema é que sempre nos resta só a esperança. Vejamos o nosso último presidente. Sociólogo, bom orador, professor! Como gosta de dizer, vindo da esquerda. Muita fama! E muitos pensaram que alguma coisa poderia mudar... Triste fim, a história seguiu o mesmo roteiro... Mais uma vez, tudo foi só esperança.
O então governo eleito há oito anos, tinha um plano econômico e, juntamente com o que há de pior, politicamente falando, em nosso país, tratou de montar uma maioria no Parlamento.
Novamente, os setores empresariais que mais expressam a voracidade do capital foram beneficiados com o dinheiro público, desde o famoso plano PROER, que salvou, às nossas expensas, alguns banqueiros, até as privatizações (?), cujas negociações ainda deixam dúvidas no ar... O patrimônio público foi espoliado, e, hoje, grande parte de nossa indústria está nas mãos do capital especulativo internacional.
Esses últimos anos mostraram, claramente, o quão servil aos interesses exploradores dominantes internacionais têm sido nossos governantes – e não apenas os brasileiros, a maior parte da classe dirigente dos países periféricos, em geral. O centro, que outrora fora a Europa, hoje envia seus raios cor de sangue a partir da Casa Branca, enquanto a elite periférica – sim, porque mesmo na periferia existem os centros exploradores, elitistas – continua, consciente ou inconscientemente, servindo aos donos do capital mundial, quando, na verdade, eles – os ricos – é que deveriam servir aos que têm fome...
Fica, no fim, a certeza de que o povo deve estar sempre nas ruas, alerta, consciente e pronto para mobilizar-se na defesa de seus direitos! E, para isso, vale a lembrança, é preciso ver a realidade sem o ofuscamento desses gigantescos painéis de publicidade, libertar-se do sufocamento imposto pela mídia, de forma que se possa recuperar a autonomia humana.
E, mais uma vez, sim, com muita esperança de, realmente, ser parte integrante de um processo de mudança, com mais justiça social e econômica. Por fim, fica a questão: -- Por quem chora, afinal, Luiza Helena, aquela senadora ?
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Agenda
Cursos de Verão
Janeiro de 2003
Carga horária: 16 horas
De 13/01 a 13/02
Introdução à Filosofia Antiga
(segundas e quartas, 19 h)
R$40,00
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Filosofia da Libertação
(terças e quintas, 19 h)
R$60,00
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Astronomia: de Ptolomeu a Kepler
(terças e quintas, 19 h)
R$60,00
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Grécia e Roma Antiga
X Política atual
(manhã, tarde ou noite)
R$60,00
Inscrições:
Tel. (13) 3252-3319 (CEFS)
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Expediente
Jornal Paradigmas, uma publicação do CEFS – Centro de Estudos Filosóficos de Santos
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