Coluna do Leitor
Reflexões e soluções sobre a grave crise pela qual passa a saúde brasileira
Pensando em fazer uma análise sobre a problemática da saúde e seus fatores causais, moveu-me a escrever este artigo.
Antes de tudo é preciso que se trate a origem da doença e não apenas os sintomas. Sendo assim podemos aplicar este princípio básico tanto no tratamento de um indivíduo doente quanto no tratamento da problemática de saúde. No caso de um indivíduo doente que chega a um consultório e apresenta queixas múltiplas de dores em diversas partes do corpo, seria de pouca ou nenhuma valia a indicação de analgésicos e anti-inflamatórios para tirar as dores do paciente, porque como as causas não foram tratadas, fatalmente o problema de saúde original persistirá e em muitos casos terá seu quadro agravado, e como conseqüência disto exigirá doses cada vez maiores de analgésicos até que finalmente a utilização destes, não surtirão mais efeito, mesmo com a utilização de doses maciças de medicamentos. Quanto a grave crise do sistema de saúde, podemos dizer que o sistema está doente e apresenta inúmeros problemas em seus diversos segmentos. Para resolver este problema, de nada adiantará aumentar as verbas destinadas ao setor da saúde pública, sem antes haver uma mudança no conceito de saúde. Caso esta mudança de concepção não se realize, a crise aprofundará, exigindo como contrapartida do governo a destinação de recursos cada vez maiores para cobrir rombos crescentes, até que finalmente, mesmo com a utilização de maciços recursos financeiros, estes por sua vez não serão de nenhuma eficácia, gerando a justa insatisfação da população que recebe um atendimento cada vez mais precário e ineficiente. Em ambos os casos, o indivíduo e o sistema não encontram resposta eficaz para solucionar seus problemas, porque o enfoque é dado para solução dos sintomas, sem se dar a ênfase necessária na origem do problema. Numa visão integrada e holística é preciso que se trate do paciente como um todo nos seus vários aspectos subjacentes, tais como: aspectos físicos, mentais e emocionais para se chegar a uma solução satisfatória. Já no que diz respeito a saúde pública, dentro desta mesma visão, é preciso valorizar os aspectos profiláticos e preventivos que exigem recursos reduzidos para sua implementação, buscando humanizar o atendimento, tendo em vista acima de tudo a satisfação plena do paciente que recorre ao sistema público de saúde.
MICHEL KALLAS
INSTITUTO DE MEDICINA COM AS MÃOS