Sustentabilidade, sociedade e educação:
como integrá-los
Atualmente a educação tem por objetivo desenvolver na criança a capacidade resolver problemas, por meio da aplicação dos conteúdos aprendidos e esse processo é mediado pelo professor. Alem de aprender conceitos, na escola a criança aprende a ser cidadã. Não podemos deixar de trabalhar a educação
para a sustentabilidade junto com as crianças. O desenvolvimento sustentável deve ser estimulado na formação delas. O significado de desenvolvimento não deve passar pela idéia de que o progresso chega quando o homem “domina” a natureza, mas que o homem pode conviver com a natureza.
Não basta esta idéia aparecer em discursos sem significado, na rotina escolar desde a separação de embalagens na hora do lanche e na elaboração de materiais pedagógicos devemos nos posicionar de forma consciente.
A sustentabilidade é meta difícil, porém não impossível de se atingir.
“... é o grande desafio do nosso tempo: criar comunidades
sustentáveis – isto é, ambientes sociais e culturais onde podemos satisfazer as nossas necessidades e
aspirações sem diminuir as chances das gerações futuras”
CAPRA ( 1996) p.24.
Fritjof Capra criou a conceito de Eco-alfabetização que para ele é o primeiro passo na estrada da sustentabilidade. O segundo passo é movimentar-se da eco-alfabetização para o eco-planejamento. Depois a sociedade organiza seu conhecimento ecológico para o replanejamento fundamental das nossas tecnologias e instituições sociais, de modo a estabelecermos uma ponte entre o planejamento humano e os sistemas ecologicamente sustentáveis da Natureza.
Este conceito de Capra aproxima-se com o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal de Vygostky. Pois a escola influencia e ensina o individuo ações que ele aprimora ao aplicar em seu convívio social.
Os jogos e a ludicidade
Para Friedmann (1996) brincadeira refere-se ao comportamento espontâneo ao realizar uma atividade das mais diversas. O jogo é uma brincadeira que envolve certas regras, estipuladas pelos próprios participantes. E o brinquedo é identificado como o objeto de brincadeira. A atividade lúdica compreende todos os conceitos anteriores. Portanto, é importante que todo profissional de educação tenha claro todos estes conceitos para que estes estejam presentes nas escolas. O brincar não é mais uma atividade de mera recreação, diante de estudos e pesquisas comprovam que esta ação desenvolve habilidades: emocionais, cognitivas, perceptivas e motoras. O contexto em que a criança é inserida, as dificuldades e potencialidades que apresenta devem ser levadas em conta no momento em que o educador seleciona o jogo e a brincadeira que irá trabalhar.
"a interpretação do significado do brinquedo não pode ser
compreendido sem fazer referência aos contextos nos quais ele é encontrado". FRIEDMANN (1996) p.18.
Visto também a importância da reflexão e adaptação ao meio social, a mediação consciente do educador a fim de propor interações práticas que resultem em mudanças possíveis estruturadas no seu dinamismo concebido a partir de sua prática.
A Zona de Desenvolvimento Proximal de Vygotsky
“...brincar não é o aspecto predominante da infância, mas é um fator primordial no desenvolvimento”. VYGOTSKY (1978) p.101
Vygotsky, atribuía ao brincar um lugar de suma importância em sua teoria do desenvolvimento. Para ele, brincar é algo que interessa à atividade revolucionária, ou seja, a criação de significado e a aprendizagem conduzindo o desenvolvimento na Zona de Desenvolvimento Proximal. Outros pesquisadores do brincar e especialistas em primeira infância acreditam que a brincadeira é importante para o desenvolvimento e identificam tipicamente as seguintes características como contribuidoras para o desenvolvimento cognitivo e social em particular, ou seja:
a) ao brincar, as crianças suspendem as coerções da realidade;
b) por meio da brincadeira, as crianças aprendem as normas sociais;
c) o brincar é governado por regras.
O conceito brincar está associado a um grande número de outros conceitos e atividades: jogos, imaginação, fantasia, representação simbólica, faz-de-conta, encenação, prazer e divertimento. Pelo menos três significados de brincar são importantes para a discussão do papel da brincadeira no desenvolvimento: brincar como brincadeira livre, as atividades de faz-de-conta e fantasia da primeira infância; brincar como jogos, as atividades mais estruturadas, explicitamente governadas por regras que se tornam onipresentes nos anos escolares e são a forma dominante de como os adultos brincam; e o sentido do verbo inglês to play como encenação ou desempenho teatral, também comum na primeira infância, mas que se torna mais exclusivo e formalizado na fase adulta. Somente os dois primeiros tipos de brincadeira, brincadeira livre e jogos têm sido examinados por alguns estudiosos como psicólogos e psicanalistas como fatores relevantes no desenvolvimento.
Vygotsky reconhece como importante e primordial os três sentidos de brincar. Em suas pesquisas ele observou como o brincar libera e constrange a criança, mas não discute totalmente essa contradição nem completa a unidade dialética. Em sua abordagem do brincar e de seu papel no desenvolvimento, Vygotsky (1978) examina diversas relações e características que, em sua época, tinham sido assumidas como aspectos definidores do brincar, por exemplo, que é associado com prazer, que satisfaz desejos não realizados, que é simbólico, que é governado por regras e consideram todas elas insuficientes exceto o fato de que brincar se baseia em regras. No tocante ao prazer, por exemplo, Vygotsky assinala que outras atividades além do brincar dão prazer (por exemplo, chupar uma chupeta) e que, por outro lado, brincar nem sempre é prazeroso (por exemplo, jogar um jogo ou concorrer num esporte e perder). Desconsiderar as carências, os desejos e a subjetividade, porém, e considerar o brincar somente da perspectiva de como contribui para o desenvolvimento de funções intelectuais podem resultar numa “intelectualização pedante do brincar” VYGOTSKY (1978) p.92. Mais uma vez, Vygotsky enfatiza a produção social das carências, dos motivos, dos desejos e das vontades.
Para especialistas da área de psicologia, tudo isso é usualmente tomado como características do desenvolvimento emocional, em oposição ao intelectual. Vygotsky prossegue especificando as carências e os desejos que se desenvolvem em relação ao brincar, aos quais ele se refere como desejos irrealizáveis de imediato, que, diz ele, começam a se desenvolver somente na pré-escola e, portanto, são fundamentais para (mas não explicam) o brincar da perspectiva de seu próprio curso de desenvolvimento ou seu papel no desenvolvimento de modo mais geral. Finalmente, definir o brincar como simbólico não o diferencia de várias outras atividades que usam signos ou símbolos nas quais os seres humanos se envolvem.
Vygotsky também faz observações sobre as brincadeiras que, à primeira vista, são contra-intuitivas, porque, argumentaríamos, nossas intuições são moldadas pela noção dominante da brincadeira. Uma é que longe de ficar livre ao brincar, é ao brincar que a criança exibe o maior autocontrole. Outra é que, na brincadeira, o que pode ser ou substituir alguma outra coisa não é ilimitado, isto é, a criança não faz-de-conta ou fantasia toda e qualquer coisa. Vygotsky conclui que o que é exclusivo do brincar é a criação de uma situação imaginária. Em certo sentido, uma criança brincando está livre para determinar suas próprias ações. Mas em outro sentido esta é uma liberdade ilusória, pois suas ações estão de fato subordinadas aos significados das coisas, e ela age de acordo com eles. VYGOTSKY (1978) p. 103.
Ao brincar, ao criar uma situação imaginária, a criança se emancipa das coerções situacionais, como o campo imediato de percepção. Vygotsky descreve isso como o paradoxo primordial do brincar – “a criança opera com significado alienado numa situação real” (p. 99). O brincar na Zona de Desenvolvimento Proximal deve ser visto de maneira diferente às situações cotidianas do não-brincar. Segundo Vygotsky, a diferença fundamental é que nas situações cotidianas da vida real a ação domina o significado, enquanto na brincadeira o significado domina a ação. Na brincadeira, a criança se comporta de maneira diferente de como se comporta na não-brincadeira. A ação na esfera imaginativa liberta a criança das coerções situacionais e, ao mesmo tempo, impõe restrições por conta própria. A estrita subordinação às regras não é possível na vida real, afirma Vygotsky, mas só na brincadeira. Desse modo, brincar cria uma zona de desenvolvimento proximal na criança. Brincando, a criança sempre se comporta para além do habitual de sua idade, acima de seu comportamento diário; brincando, é como se ela fosse uma cabeça mais alta do que é. (p. 102).
Brincar é, ao mesmo tempo, uma adaptação e uma oposição à adaptação. É, pois, uma resposta conflituosa à alienação, a separação entre o processo de produção e o produto. Na vida diária, somos guiados, na verdade, predeterminados por comportamentos perceptivos, cognitivos e emocionais e, portanto, somos menos diretamente os produtores de nossa própria atividade. Ao brincar enquanto produtores temos mais controle na organização dos elementos perceptivos, cognitivos e emocionais. Neste sentido brincar é muito mais um desempenho (performance) do que uma atuação (acting). Todos nós somos escalados pela sociedade para papéis muito nitidamente determinados; o que alguém faz num papel é atuá-lo. O desempenho difere da atuação porque ele é a atividade socializada de pessoas que criam conscientemente novos papéis, com base no que existe, para um desempenho social. Crianças brincando de papai e mamãe não estão atuando, mas desempenhando, criando novos papéis para si mesmos, reorganizando os cenários do ambiente. Neste sentido, “brincar de zona de desenvolvimento proximal” é um jogo de história, a reunião de elementos do ambiente social de um modo que ajuda a ver e a mostrar a criação de significado como atividade criativa, produtiva, o que produz aprendizagem, conduzindo o desenvolvimento.
Quais objetivos e vantagens para incluir os educadores incluírem tal tema?
Conceituar sustentabilidade- a criança deve perceber e compreender o conceito atual e que tem sido amplamente implementado em nossa sociedade.
Socializar idéias e construir jogos pedagógicos com materiais recicláveis e estabelecer faixa etária, objetivos e funções do material adequado as habilidades previstas nos Parâmetros Curriculares Nacionais -
– com este objetivo em mente tanto educador como educando são beneficiados, pois a diversidade de material que estará disponível com poucos recursos é imensa, e será de uso cotidiano do aluno, tornando-se algo real e palpável.
Andréia Carvalho Ferreira
Advogada e graduanda em Pedagogia (UNISANTOS)
Referência Bibliográfica
CAPRA, Fritjof. O ponto de mutação: A ciência, a sociedade e a cultura emergente. São Paulo: Cultrix,1982.
CUNHA,Nylse Helena Silva. Criar para brincar:a sucata como recurso pedagógico. São Paulo: Aquariana, 2005.
FRIEDMANN, A. Brincar: crescer e aprender - o resgate do jogo infantil. São Paulo: Moderna, 1996
NEWMAN, Fred, HOLZMAN, Lois. Lev Vygotsky, cientista revolucionário. Edições Loyola, São Paulo, 2002.