EditorialÉtica e PolíticaEm nossa sociedade, a conduta moral é por demais destacada, principalmente no campo das normas sociais. Em vários aspectos, sendo a cultura um dos exemplos típicos, o cidadão é educado no sentido moral. Aprendemos nos bancos escolares (ou melhor, aprimoramos o que vem de casa, do lar, enfim da família) os primeiros deveres que estruturam condutas sociais. Em muitos casos, o ensino destes preceitos vem juntamente com normas religiosas; em geral é o caso da maioria do nosso país, predominantemente católico ou ligado há algum ramo do cristianismo. Quando isso não acontece, o que é raro, percebemos, no mínimo, os preceitos de um racionalismo iluminista, que construiu como tradição um deísmo racionalista, moralmente aceitável do ponto de vista que perpetua um ideal de igualdade e justiça em uma realidade mutante e perfeitamente inteligível por parte da razão humana. Porém, as normas de conduta, os princípios que norteiam a vida das pessoas e das estruturas organizacionais da vida pública – a qual chamamos de processo ético – constituem um fundamento estrutural da vida de uma Nação, de um povo e, principalmente, estruturam uma convivência mínima entre os seres livres. Talvez, em nosso caso, pensando enquanto país e Nação, seja este aspecto (o da liberdade do ser livre) o principal "problema" ético que apresenta o campo político. Desde a conquista do nosso espaço físico em 1500, estamos envolvidos em uma luta contínua contra as normas que cerceiam a liberdade individual do sujeitos que constituem esta Nação. E de lá para cá estas questões no campo político apresentam um grande labirinto entre o que é real e o que se desenvolve como ideal. Portanto, quando se aproxima uma dinâmica eleitoral, não podemos excluir da nossa realidade reflexiva as preocupações com a Ética e a classe política nacional. Mesmo porque, infelizmente, por toda estrutura econômica e social dos últimos quarenta anos (ditadura militar amoral, cerceadora das liberdades individuais, e a "Nova República", prisioneira "democrática" do mesmo modelo econômico ligado ao FMI, aos grandes banqueiros internacionais e ao sucateamento das indústrias nacionais e da saúde e educação públicas) o processo eleitoral, em grande parte dominado também pelas grandes corporações monopolistas de comunicação (o conjunto da mídia observadora de qualquer manifestação popular que foge de seus interesses manipuladores como um perigo ao mundo do mercado e do individualismo pós-moderno em que eles vivem), não prima por uma ética na sua conduta estrutural. Porém, o que observamos é que no próprio campo dos chamados setores populares começa a grassar uma contaminação do que pior existe enquanto estrutura ética política em nossa sociedade. As propostas de acordos políticos anunciados de ultima hora são terríveis, os candidatos parecem almejar apenas o poder (o que é natural no jogo político dos Estados modernos como defendeu Maquiavel em uma famosa obra), renunciando a qualquer perspectiva de ética em relação aos seus princípios históricos. O quadro é no geral muito triste, são raras as exceções dos que postulam com princípios claros os seus objetivos. Observa-se um quadro de muitas promessas que nem "santos milagreiros", nos seus melhores dias poderiam fazer justiça à fama e cumprir o prometido. Portanto, algumas conclusões e principalmente reflexões devem ser feitas para aproveitar bem este momento histórico eleitoral. Está na hora de repensar as estruturas éticas, culturais e morais da dinâmica social de nosso país, entender até que ponto elas realmente podem dar conta de um mundo que, no início do séc. XXI, está permeado por princípios no mínimo duvidosos no campo ético. Assistimos a um tal de "rouba mas faz", "é aceito ou não pelo mercado", "Deus assim quis”, "povo humilde e trabalhador’, "seguiu os passos que o marqueteiro determinou", que necessariamente colocam o campo ético e político de nosso país, nos moldes atuais, em um estado de atenção. Para nós, o pensamento filosófico, nas suas várias matizes, é uma arma fundamental nesse momento, para que possamos racionalmente refletir e principalmente construir uma sociedade em que ética e política não sejam uma combinação oportunista ou cercada por interesses escusos, mas, sim, princípios norteadores da vida cotidiana de seres livres e que estes sejam realmente seres e livres, em condições de perceber a realidade além da beleza dos discursos preparados pela mídia. |
AgendaII Curso de História da FilosofiaMódulo V - O Pensamento ContemporâneoInício: 03 de agosto de 2002. Local: Treinasse – Av. Cons. Nébias, 337, Santos/SP Informações: Tel. (13) 3252-3319 (CEFS) Núcleos de estudosTema: Teorias da Verdade Coordenação. Prof. José Sobreira Barros Jr. Bacharel em História e Mestre em Filosofia - PUC/SP
Tema: 1492: O mito da modernidade Coordenação: Prof. Luiz Meirelles Bacharel em Direito, Licenciado em Letras e Filosofia – Unisantos Mestrando em Filosofia PUC/SP Gratuito p/ sócios (associe-se) Inf. (13) 3252-3319 ExpedienteJornal Paradigmas, uma publicação do CEFS – Centro de Estudos Filosóficos de Santos O CEFS é uma entidade sem fins lucrativos, que tem como objetivo fundamental levar a Filosofia a toda a sociedade, sem qualquer discriminação, contribuindo, assim, com a formação da consciência crítica do cidadão e propiciando-lhe, por conseguinte, melhor reflexão e atuação diante da realidade de que faz parte. Presidente Luiz Meirelles Vice-Presidente Ronaldo Ronil da Silva Jr. Conselho Editorial Cristiane Guapo / José Sobreira Barros Jr Luiz Meirelles Jornalista Responsável Beth Capelache Mtb.: 2.383.802 Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do CEFS.
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DicasLeitura:De Deus Que Vem a Ideia Levinas, Emmanuel O autor lança-se à procura de caminhos e horizontes novos na questão que trata de Deus. Como filósofo, obriga a filosofia, enquanto filosofia, a escutar o homem e, no enigma humano, a Deus sem a priori. Internet:http://www.rubedo.psc.br/inicio.htm. Site com vários artigos de filosofia, inclusive de Oswaldo Giacóia Júnior. Filme: Festejada estréia do diretor Alejandro González Iñárritu, Amores Perros costura três histórias a partir de um acidente de carro para traçar um painel atual da sociedade mexicana, passando pelo submundo da Cidade do México. |