Espaço-Poesia
Esquerda, grana e direita
Ô, ô, ô vida de borra
Ô, ô, ô vida de borra
Ô, ô, ô vida de borra
O povo querida, querida
Há de sobreviver, querida, querida
Aos seus benfeitores, querida
Às canções de protesto, querida, querida-a
E a nossa caridade
O povo querida, querida
Ainda suspeita, querida, querida
E nossa covardia, querida, querida
Masturba e deleita, querida-a
Esquerda, grana e direita
Ô, ô, ô vida de borra (3 vezes)
Quando o trabalhador cresce na sociedade
E tem a oportunidade de ser protagonista da história
Ele pratica o método do opressor
Porque foi o único método que aprendeu
Então, ele só sabe agir como o opressor
(Arrastão de Paulo Freire)
Ô, ô, ô vida de borra (3 vezes)
Um quadro das coisas
Quando a gente começa a trabalhar
Um lápis e uma régua
Um resfriado me pega
Um flash quase me cega
Um memorando que nega
Um vento forte, um chuvisco
No olho me entra um cisco
Um som de casa de disco
Uma cobrança do fisco
Um desejo por vitrina
Uma moça por esquina
Hoje eu te pego menina
A minha mão por vagina
Um cartaz de mulher nua
Um cego atravessa a rua
Garçom, a carne está crua!
A mãe de quem? É a sua!
Autor: Tom Zé