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Totalidade e ética: questões para se pensar a vida e o encontro humano

Sandro Cozza Sayão

Doutor em Filosofia – PUCRS; Mestre em Filosofia – PUCRS

Mestre em Educação Ambiental – FURG; Professor Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Pernambuco; Professor do Programa de Pós Graduação Mestrado/UFPE; Membro da Comissão de Direitos Humanos Dom Helder Câmara; Membro do Núcleo de Ciência e Cultura de Paz da UFPE

 

Não há dúvida que nosso tempo é singular e porque não dizer frágil. A esperança de um mundo mais digno e ético e a idealização de uma sociedade mais justa baseada no progresso científico, econômico e tecnológico, não mais se sustentam e isso nos leva a um interim,

a uma perda significativa de sentido. O peso da violência de uns contra os outros, os preconceitos e a miséria de alma que se conjugam sem hipocrisias em meio à superficialidade e ao império dos desejos a todo custo, frutos de uma sociedade regida pelo consumismo e egoísmo, embora todo esclarecimento e todas as produções intelectivas, fazem com que antigos sonhos e certezas sejam suspensos e postos sob judicie.

Embora todas as elaborações civilizatórias e todas conquistas no campo do conhecimento, a humanidade é ainda infantil, cheia de necessidades, medos e fragilidades. Somos crianças no campo emocional, infantis em nossas relações, desastrosos em nossas escolhas, prisioneiros do ego que nos faz cegos e indiferentes às necessidades dos Outros e do próprio ambiente em que estamos. O que se torna ainda mais agudo num contexto civilizatório no qual banalizamos todas as coisas, em que a mídia reproduz a superficialidade, a família se perde diante das necessidades materiais e a escola se torna prisioneira de uma completa confusão. Passados dois mil e quinhentos anos de filosofia como amor à sabedoria, não houve verdadeiramente uma evolução significativa da humanidade no campo moral e ético. Com raras exceções, o que temos diante de nós são antigas chagas que insistem em permanecer entre nós, muitas vezes travestidas e metamorfoseadas em novos discursos e novas roupagens que se camuflam nos brilhos dourados do consumo e dos bens materiais. Daí dizer que quanto mais nos aprofundamos na análise de nosso tempo, mais nos deparamos com a solidão, com a angústia, com a violência, com o desamor. O que nos leva a uma crescente perda de inocência que nos faz suspeitar de que algo nos falta; que precisamos potencializar novos saberes, saberes que a meu ver dizem respeito a um âmbito de análise mais radical da própria condição humana onde se enraíza a indiferença e o sentido egoísta que é gestor da negação de todo outro e base de toda selvageria. Isso via problematização da realidade a fim de se observar singularmente a necessidade da responsabilidade e da ética como grandes fios condutores da vida.

Sabe-se hoje que o saber, visto aqui como conhecimento das coisas físicas e materiais, embora importante e fundamental, por si só não é capaz de inaugurar um outro sentido civilizatório. Se desde a Alegoria da caverna de Platão, que no livro VII da República indicava como caminho o esclarecimento, hoje sabemos que não é tão fácil assim lidar com nossas paixões. A realidade pós-moderna em que se vislumbra os mais diferentes mecanismos da racionalidade para dar conta da morte do outro, pulverizam a certeza e as apostas que é apenas pela vida da razão como a conhecemos que se pode ultrapassar o âmbito das necessidades egoístas que habitam em nosso íntimo. Desde a denuncia dos aspectos ideológicos presentes na sociedade por Marx, da vontade de poder por Nietzsche e do inconsciente por Freud, percebemos que a racionalidade vêm tarde demais. É ela segunda a toda uma teia que antes dela já a significa e conduz. Em outras palavras, se almejamos uma mudança de sentido, há que escavar antes da lógica e dos impulsos intelectivos conhecidos. O que se delineia é a necessidade de uma mudança de orientação da própria vida, via um outro caminho no qual se assuma a sensibilidade como viés de grande fertilidade. Nossas mentes encontram-se enredadas na mesma lógica que sustenta todo este contexto de opressão. Daí a necessidade de auscultar anteriormente outras fontes de significação e sentido. Sabemos em nosso íntimo que algo não vai bem, essa sensibilidade quase cutânea possui uma sabedoria implícita antes mesmo da própria articulação racional. Há que olhar para o mundo para perceber que não vamos lá muito bem. A realidade nos mostra que o caminho escolhido é desastroso. Se olharmos com atenção veremos que embora nossas cidades cresçam, em meio multiplicam-se inúmeros cânceres sociais. A destruição ambiental, as drogas, as doenças, a violência urbana, os suicídios, a solidão, a depressão que se alastram, são provas de que na base há algo muito errado. E é isso que precisa ser visto e escutado. Nas terias tudo funciona, dentro da racionalidade tudo se resolve, tudo se organiza. Por isso, que não é daí que parte a mudança. É avida que se agita e pede mudança, e é dela a voz que exige que sejamos outros.

Como Levinas afirma em Totalité et infini, a ética pretendida não se limita ao exercício teórico do pensamento que monopolizaria a transcendência.[2] E por isso, o que nos falta é aspirar um novo sentido que não nos será disposto pela articulação do pensamento racional e seus caminhos convencionais, estes são por demais viciados e adestrados por contrações histórias que por si só são violentas e excludentes. A necessidade é de se auscultar outras fontes de sentido, outras possibilidades que não sejam em sua base negadoras da transcendência e do Outro como alteridade, o que neste caso é para ele uma aspiração que diz respeito ao atravessamento singular de uma via ética desde a qual se deve erguer todas as possibilidades humanas.[3] Isso porque sem ética não há vida, não há relação e não há troca. Podemos escolher matar o outro, mas isso é uma relação que fica a meio caminho. Do outro ficamos apenas com a aparência, com a superficialidade. A vida impõem a ética, a responsabilidade, o imperativo ético como não matar.

Notemos que estamos às voltas aqui com um problema radical. As questões que se erguem não nos remetem ao universo das composições lógicas onde todos os argumentos são organizados e significados, mas conduzem a dimensões humanas radicais, em que reverberam exatamente sentidos fundamentais que de modo a priori vão nos singularizar no mundo. Sentidos estes que são balizadores de nosso aí e que norteiam nosso modo de ser. Como dissemos anteriormente, o que temos aqui é algo anterior, fundamental. Trata-se de horizontes de sentido fundamentais donde a racionalidade busca sua significação.

Para haver encontro, para haver relação eu não posso escolher matar ao outro. Matar é uma opção, mas uma opção que não suporta em si a relação verdadeira. Para me encontrar verdadeiramente, não posso matar. Assim, a vida exige a opção pelo não matar, assim como exige a opção pelo não morrer. Nisso há uma regra básica imposta pela própria vida que diz, para que você se encontre, se relacione, você não pode escolher a priori a morte. Aí está o argumento primeiro. Entenda-se com isto também a morte como expressão de uma postura diante do outro que excede também a morte física. A opressão, os preconceitos, os rótulos, o fazer calar, o impor-se diante do outro sem diálogo, em todos esses casos estamos num contexto mortificante. Aí, não há relação ou encontro, mas apenas a expressão de um que se impõe diante do outro, um que prepondera. Na monotonia de uma voz que se impõe no necessário aniquilamento do Outro no qual não se deixa o outro ser. Aqui não há relação, mas mesmidade, eterno eco do mesmo.

  Enunciar essas questões aqui é reivindicar a necessidade de rompermos definitivamente com os meios instauradores da lógica vigende e com as estruturas que tecem tudo que temos visto ao nosso redor, isso a ponto de defocarmos do sentido egoísta que estamos prisioneiros. É auscultar na própria vida outras possibilidades, possibilidade essas estranhas a tudo que temos conhecido. O avanço singular da tecnologia, as estruturas de poder instauradas pela ampliação do capital, os novos meios de comunicação e interação que aproximam mundos e gentes, não pode nos cegar. As estruturas que elaboramos e os valores que erguemos, criaram vida própria, e hoje são eles que conduzem, formatam e manipulam nosso próprio modo de ser, pensar e agir e não nos deixam escutar a vida e suas próprias regras. Vejam as cidades, muitas atitudes que tomamos são absurdamente negadoras da vida. O trânsito, o lixo, o isolamento social, a exclusão, são todas opções contrárias à vida. Se olharmos com atenção, vamos perceber que somos marionetes de todo um sistema de forças onde o mais sábio é ainda um híbrido entre a planta e um fantasma.[4] Por isso, não é ousado dizer que as estruturas valorativas e de sentido vigente nos levaram a um estado de pura passividade e letargia desde o qual se justifica aceitarmos vender nosso tempo e nossas vidas em razão de coisas e supérfluos que acumulamos, de carros e bens de consumo que reverenciamos. É como se estivéssemos dentro de um grande sistema que funciona qual a Matrix do filme dirigido pelos irmãos Wachowski no final dos anos noventa, no qual a realidade que conhecemos não passa de um programa de computador que mantém prisioneiras as mentes e as vontades, criando esquemas e modos de pensar que mantém a todos ordenados na orquestração de um sentido que nos avilta e aprisiona. A denúncia feita por esta obra da estética pós-moderna se aplica perfeitamente ao nosso caso e nas análises que fazemos aqui. Ela denuncia que somos prisioneiros de sentidos, valores e ideais cunhados a muito tempo e que hoje, mais do que nunca, nos mantém reféns de valores e formas de pensar que a todo momento se revelam bárbaras e destrutivas.

Valores estes que só se justificam em razão da idolatria de símbolos que para Nietzsche dizem respeito à sacralização de ídolos que repousam na metafísica dos filósofos e no pensamento religioso daqueles que se escoram m Deus. A denuncia que se faz aqui é de que no fundo somos guiados por estruturas mortificantes que nos atravessam e guiam, tais como conduzidas são as bactérias diante de impulsos elétricos contrários que lhe direcionam e movimentam. Num reino de necessidades, onde a cada dia se acumulam listas intermináveis de coisas que devemos acumular e ter, somos feitos reféns de interesses e desejos que negam a vida e não nos deixam pensar. Vendemos nosso tempo, nossa alma e nosso respeito por nós mesmos para adquirir coisas que muitas vezes se olhadas com atenção pouco sentido possuem. E por isso, abandonamos nossos filhos à sorte, por isso, aceitamos as inúmeras agressões à natureza, à Gaia, grande mãe terra, que para dar lugar a pastagens, ao avanço desordenado das cidades, à irracionalidade das monoculturas, é destruída, espoliada e explorada.

 Há uma plasticidade na realidade da qual os indivíduos são prisioneiros. Esta determina como eles devem agir, o que devem esperar da vida e do seu próprio tempo. É como se o labirinto do Minotauro da mitologia grega, não só o aprisionasse, mas o fizesse ser o que é. E por isso a necessidade aqui da desagregação das verdades e dos esquemas conhecidos. Essa plasticidade e esses esquemas, que nos fazem desconfiar da responsabilidade e da generosidade, que pensam a ética sempre pelo viés da necessidade e do egoísmo e que não titubeiam em dizer que todo ato de amor é no fundo egoísmo, é o ápice daquilo que o filósofo lituano/francês Emmanuel Levinas denunciaria como totalidade. Na totalidade, segundo ele, somos absurdamente pobres de pensamento e ação. Somos previsíveis porque seguimos scripts e arquétipos que são igualmente projetados para nós. Nela as pessoas desempenham formas de ser, são mergulhadas em esquemas que as formatam e conduzem e que as impedem de ver além dos horizontes afirmativos que lhes cerceiam o pensamento e o olhar. E por isso carecem de pensamento e ação. Na totalidade não se pensa porque o que pensamos é fruto de uma prescrição e o que se faz é uma mera consequência do que já é esperado. Repetição, reverberação de vozes vazias que repetem argumentos e ditos, mas são incapazes de erguerem suas próprias reflexões.

O conceito de totalidade que Levinas cunha de forma explicita na obra Totalité et infini, ergue a denuncia de um tempo em que somos fieis depositários de regras e esquemas que dizem o que devemos ser e de como devemos nos comportar. Esquemas estes que têm em sua base a violência contra o outro, a alergia com tudo que é diferente - indiferença. Na totalidade se nega profundamente aquilo que não é da ordem do Mesmo, aquilo que não segue e respeita esses esquemas que são propostos a todos a partir de um determinado sentido civilizatório em voga. Por isso o preconceito e a violência generalizada contra o outro. Os inúmeros eventos de barbárie contra a mulher, o negro, o pobre, os gays, idosos e deficientes, às culturas diferentes da europeia e norte-americana, são exemplos claros de como os esquemas que respeitamos são absurdamente indispostos com aquilo que não é o Mesmo.

Assim como Narciso que acha feio o que não é espelho, a sociedade entregue aos esquemas da totalidade, onde o que vale são as regras do mesmo que ecoam como repetição do já conhecido, tem em si mesma uma violência implícita contra todo outro, contra todo diferente. Nela não há diálogo, mas o monólogo do convencimento, monopólio das mesmas coisas. Há o silêncio do monismo das ideias de uns que se impõem diante dos outros, de um que fala e de um outro que deve ouvir e calar, o que em Paulo Freire reverberava nas máximas de uma pedagogia opressora na qual o silêncio é ponto central.

Por tudo isso, Levinas refere-se ao fato de vivermos em meio a uma negra claridade, que é a referência da barbárie em meio a um mundo esclarecido, um mundo no qual as coisas estão ao alcance das mãos. O que não é difícil de entender se olharmos para os acontecimentos de hoje. Temos hoje tecnologia para resolver grande parte das dores e sofrimentos existentes. Teríamos já meios de suplantar a fome, de organizar os espaços sociais para que todos tivessem moradia, saúde e educação de qualidade. No entanto, dividimos e classificamos os grupos humanos nos que são e podem tudo, e naqueles que não são e nada podem. Criamos uma hierarquia social absolutamente injusta que valora as pessoas e as comunidades, assim como classifica e ordena a natureza e os espaços. Nisso estabelecemos o modo como nos comportamos diante destes grupos e dessas individualidades. O que justifica aceitarmos a miséria de uns e a opulência de outros tantos. Enquanto alguns se regozijam em meio ao desperdício e ao supérfluo do luxo, outros padecem na precariedade. É o que se chama de injustiça social que prevê para alguns as benesses do mundo, enquanto para outros se reserva a exploração e a opressão.

Nosso mundo está ainda assentado sobre esta chaga. Padece por perpetuar esquemas sociais excludentes baseados no desrespeito, na indiferença e insensibilidade, na desconsideração dos direitos humanos, fontes de uma cultura da violência em que pesa o silêncio e a degradação humana. Violência que se traveste de muitos modos e muitas formas, que permeia a todos, numa guerra em que todos saem perdedores.

Fazendo breve referência ao romance Ensaio sobre a cegueira de Saramago, pode-se dizer que padecemos de uma cegueira branca. Isso porque encantados pelos brilhos do mundo de consumo perdemos a sensibilidade e nos tornamos alheios às necessidades do outro. Insensibilidade de alma que diz respeito à incapacidade de rompermos o egoísmo que nos leva a estados mortificantes gravitando apenas entorno de nossas necessidades, o que nos mantém em meio a escolhas desastrosas de atos absurdos. Fatos estes ainda comuns, tanto na pequena escala das histórias diárias de desrespeito e opressão de uns para com os outros, como nas macroestruturas das relações internacionais em que países se acham no direito de dominar e controlar. Há o que se pode chamar de normose, onde todas as coisas nos parecem aceitáveis. O fim último dos esquemas totalitários é a insensibilidade. Quando já não vemos, não sentimos e não nos espantamos. Neste empalidece o pensamento, morre a filosofia. E por isso em nossos dias tudo parece normal, embora em nosso íntimo saibamos que algo não esteja bem, que nós mesmos no fundo não estamos lá muito bem. E não seria a filosofia desde Tales filha do espanto?[5]

Para ultrapassar essas chagas que a muito nos acompanham é preciso sensibilizar-se. O primeiro passo está em olhar e ver para além de si mesmo o Outro. Descentrar-se de si e encontrar as necessidades alheias, seus anseios, suas carências e expectativas. Quando pararmos para ouvir ao outro, também escutaremos a nós mesmos e observaremos as muitas agressões que fazemos a nós. Observaremos nossos hábitos perniciosos onde se contamina e intoxica o corpo, perceberemos como perdemos e desperdiçamos nosso tempo com coisas fúteis e superficiais, perceberemos nossas infantilidades, nossos lixos mentais. Aí aprenderemos a olhar para o mundo não tentando dominá-lo, mas tentando encontrar meios de relação com estes, onde desafiaremos nossa inteligência e nossa razão para a manutenção do diálogo e para o saber lidar com todos os conflitos que existem e surgem aí. Nisso encontraremos formas alternativas de produzir nossos alimentos e nossa energia, assim como encontraremos mecanismos menos impactantes para construir nossas cidades e nossas casas. Meios há, o importante é ouvir a vida e sua regra básica de eticidade, de respeito e responsabilidade. Sem isso perpetuamos a eterna guerra de uns contra os outros e de todos para com a natureza do qual saímos todos como eternos perdedores.

 

Bibliografia:

 

FOUCAULT, Michael. Em defesa da sociedade: curso no Collège de France 1975/1976. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

LEVINAS, E. Autrement qu’etre ou au-delà de l’essence. La Haye: Martinus Nijhoff,

1974.

_____. De dieu qui vient a l’Idée. Paris: J. Vrin, 1986.

_____. Entre nous. Paris: Bernard Grasset, 1991.

_____. Humanisme de l’autre homme. 1972. Montpellier: Fata Morgana, 1978.

_____. Totalité et infini. Essai sur l’extériorité. (1961). La Haye: Martinus Nijhoff, 1971.

NIETZSCHE, Friedrich W.  Crepúsculo dos ídolos, ou, como se filosófa com o martelo. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

________. A gaia Ciência. (Trad.) Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

_____. Assim falava Zaratustra. Rio de Janeiro: Edições de Ouro.

 


[1] Dr. em Filosofia, professor do Departamento de Filosofia da UFPE.

[2] Cf. prefácio. Levinas, E.  Totalité et infin. Paris: Martinus Nijhoff, 1971.

[3] Em outros textos trataremos de desdobrar com acuidade esta ideia. A tese de Levinas é de que o sentido considerado não é contrário à razão e à racionalidade, mas é anterior a estes, é para além destes.

[4] Essa afirmação é de Nietzsche e aparece no preâmbulo de Assim falava Zaratustra.

[5] A história de Tales de Mileto é a história do homem que cai num buraco porque está espantado com o mundo. O espanto aí é sinônimo de reflexão, de dúvida, do pensamento. A filosofia de Tales se inaugura com o espanto, quem não se espanta não filosofa, não pensa, não reflete.