A FILOSOFIA PODE TER UMA FUNÇÃO TERAPÊUTICA?
Jasson da Silva Martins
Doutorando em Filosofia - UFBA
- Introdução
O aspecto prático da filosofia exige uma reflexão que coloque em perspectiva histórica. Não é estranho, à filosofia, o desejo de ser uma orientação pessoal e coletiva. A ela cabe propor caminhos e alternativas para os cidadãos se situarem na confusão da época. A filosofia antiga pode ser designada como transformadora de si e do outro, como a aquisição de uma nova visão de si e do mundo. Se com Sócrates a filosofia era praticada em um ambiente natural: a praça pública, hoje a tendência é destacar a sua finalidade: antes de ser construção de um sistema conceitual, ela pode e deve ser concebida como uma medicina da alma. Alguém duvida do caráter terapêutico da filosofia?
Hoje em dia quem tem acesso à reflexão filosófica – através de eventos e/ou textos filosóficos –, nota que a filosofia tateia, procurando encontrar sua vocação primeira: ser uma atividade útil às pessoas. Filosofar não se reduz um exercício intelectual, mas também pode ser uma atividade relevante pessoal e coletiva, com vistas à construção da subjetividade. Por vezes essa construção é crítica aos sistemas hegemônicos, por vezes afirmadora da individualidade e seu modo de vida. Uma reflexão sobre a filosofia antiga requer um fio condutor como conceito suplementar, aquele de elaboração do sujeito. Esta elaboração ganha diferentes destaques, dependendo do autor que reflete sobre o tema – P. Hadot, M. Foucault, M. Nussbaum, A.-J. Voekel, etc. –, esclareceram determinados aspectos pontuais da filosofia. No geral, todos estes autores concebem a filosofia a partir de seu objetivo, ou seja, como cuidado de si, voltada sobre si mesma, como um movimento cujo deslocamento conduz à construção da subjetividade.
- Buscar mais sabedoria e menos o saber
O conjunto da obra de Pierre Hadot modificou a representação que tínhamos da filosofia antiga. Na condição de filósofo, filólogo e historiador, conjugado às contribuições teóricas da própria tradição, ele nos permite olhar de um jeito novo par a história da filosofia e o seu significado histórico-filosófico. No início do seu livro O que é a filosofia antiga? através do estudo da noção de sophia, ele expõe esse paradoxo: “Para definir sophia, os intérpretes modernos sempre hesitam entre a noção de saber e sabedoria” (HADOT, 2008, p. 39).
Hoje em dia, o saber diz respeito a uma soma de conhecimentos ou de saber-fazer. A ligação entre saber e sabedoria, se não desapareceu totalmente, encontra-se nitidamente dissolvidas e indistintas nos manuais. O fato é que o grau de sabedoria não qualifica, em nossos dias, o saber. Na Grécia antiga saber, sabedoria, virtude estavam forçosamente conectadas e até mesmo se pressupunham um ao outro. O saber, por seu turno, consistia em tomar consciência de si mesmo.
Refletir sobre o saber é um modo peculiar e fundamental de fazer filosofia tendo em vista o seu objetivo e não tanto a sua história, ou melhor, a história da filosofia é retomada como atividade terapêutica à medida que consegue mais ou menos melhorar a vida dos indivíduos e se expressar em um discurso racional, como sugere a definição de filosofia de André-Jean Voelke: “[...] a filosofia é uma atividade que visa dar conta de nossa experiência ou esclarecer nossa ação ao elaborar as significações contidas nos conceitos e proposições ordenadas em um discurso racional” (VOELKE, 1993, 18).
Somada à diferença entre saber e sabedoria, outra distinção precisa ser esclarecida; a primazia da oralidade e dos objetivos nos textos antigos em relação ao nosso texto. No aspecto formal da transmissão da tradição filosófica, uma grande quantidade de textos são explicitamente diálogos endereçados a um ou vários personagens precisos. Não era incomum que um escrito visasse um público restrito, até mesmo um único discípulo. O escrito antigo, de maneira geral, era um utensílio, um exercício prático, visando se aproximar da sabedoria ou da transformação de si e do outro. O texto obedecia dentre outros, a dois imperativos: expor conceitos filosóficos e/ou ideias cosmológicas ou naturais, mas em vista de insuflar, através da escrita, uma dinâmica terapêutica adaptada ao público-alvo. Compreender o mundo, a cidade, a natureza, só era preciso à medida que era importante para a transformação do sujeito.
O escrito era apenas um meio, um exercício prático em meio a outros. Seu objetivo era a sabedoria sob o nome de “virtude”, “justiça”, “felicidade”, “serenidade”, etc. Este pode ser considerado um dos mais importantes objetivos de toda a atividade filosófica dos gregos e dos romanos. Estes pensadores não tratavam apenas da sabedoria, eles discutiam a física, a matemática e a política... pois para ascender à sabedoria era necessário compreender a organização do mundo, graças à física, às matemáticas ou ainda a construção da cidade justa, através da reflexão sobre a política.
Um texto antigo deve ser interpretado como uma imagem. Esta não pode ser interpretada sem conhecer a intenção do fotógrafo e o contexto. Sem integrar a intenção do autor, como ler os textos do estoico Marco Aurélio que se dirige, em uma série de exortações a si mesmo? Como compreender as repetições, a ausência de um plano, as sentenças breves e admiráveis contidas nos textos antigos? Como compreender em Sêneca, um filósofo estoico – especificamente nas Cartas a Lucilius –, a mobilização de conceitos epicuristas em contradição com o estoicismo? Precisamos saber que o seu objetivo é terapêutico: ele mobiliza os argumentos que lhe parecem mais oportunos e eficazes em relação a Lucilius. O sentido terapêutico justifica a mistura de conceitos de escolas distintas, como um grande laboratório:
No que concerne à práxis, vejo as diferentes escolas morais como laboratórios experimentais nos quais um número considerável de receitas de arte de viver foram praticadas a fundo e pensadas até seu termo: os resultados de todas estas escolas e de todas as suas experiências pertencem a nós. Nós não aceitamos uma receita estoica com menos agrado porque nós já nos apropriamos de receitas epicuristas. Aquela parcialidade das escolas foi muito útil, e mais, foi indispensável para a verificação dos experimentos (NIETZSCHE, 2008, KSA, 1881, 15 [59]).
Os textos que, ao se apoiaram em um corpo teórico, se endereçam a um auditório, a um discípulo, até mesmo a si mesmo, com o objetivo de produzir um efeito de transformação, um impacto terapêutico. A finalidade primeira destes textos não é, exclusivamente, a exposição de uma teoria:
Não é possível, pois, compreender as teorias filosóficas da Antiguidade sem levar em conta essa perspectiva concreta que lhes dá seu verdadeiro significado. Somos assim conduzidos a ler as obras dos filósofos da Antiguidade prestando uma atenção crescente na atitude existencial que funda o edifício dogmático (HADOT, 2014, p. 59-60).
Assim emerge uma outra face da filosofia antiga. A filosofia é, inicialmente, uma arte de viver, “um estilo determinado de vida”: “O ato filosófico não se situa somente na ordem do conhecimento, mas na ordem do ‘eu’ e do ser: é um progresso que nos faz ser mais, que nos torna melhores” (HADOT, 2014, p. 22). Este ato constitui uma filosofia otimista na medida em que ela considera que a natureza do homem é constituída pela razão. E é esta certeza que leva o filósofo a perseguir este pressuposto: a razão pode ser livre de preocupações e paixões. O aspecto terapêutico da filosofia consiste na crítica e rejeição de tudo que entulha a razão, como afirmava Epicuro:
Vã é a palavra do filósofo pela qual nenhum sofrimento humano seja curado. Pois tal como não há qualquer proveito na medicina se ela não expulsar as doenças do corpo, também não haverá qualquer proveito na filosofia se esta não expulsar o sofrimento da alma (EPICURO, Fr. 221 Us., Apud, GUAL; MENDEZ, 1974, p. 123).
A distinção feita por Pierre Hadot entre saber e sabedoria é decisiva: inicialmente porque nos permite revisitar uma época que viu a filosofia desempenhar a sua vocação primeira, a transformação do sujeito e não a construção de sistema. Encontramos aqui a união perfeita entre o conceito e a experimentação, ou seja, o conceito a serviço de uma terapêutica. Em seguida podemos ouvir o convite à realização da filosofia: os filósofos da antiguidade nos convidam a questionar nossas certezas e nossos medos ao privilegiar a admiração, a fim de interrogar nossa verdade sobre nós e sobre o mundo, bem como sobre a nossa liberdade. Este processo é caracterizado por Pierre Hadot como “exercício espiritual”. Praticar a filosofia como uma terapia da alma não se equivale ou se resume a aquisição de saber; filosofar visa a sabedoria concebida como lenitivo para alma e para o corpo.
- O exercício espiritual com finalidade terapêutica
A expressão “exercícios espirituais” remonta a Inácio de Loyola (século XVI), fundador da Companhia de Jesus. Para Loyola, os “exercícios espirituais” podem ser resumidos pelo trabalho do espírito, através de um treinamento rigoroso e sistemático. A busca da ordem é o centro da obra: “Exercícios espirituais para vencer a si mesmo e ordenar a própria vida, sem se determinar por nenhuma afeição desordenada” (LOYOLA, 2000, p. 21). Mas embora Inácio de Loyola seja o inventor da expressão, tais práticas existiam antes dele e foram estas experiências que o levou a forjar a expressão. Pierre Hadot teve o mérito de mostrar, de maneira decisiva, a ligação intrínseca entre exercícios espirituais e a filosofia antiga.
O termo exercício, da expressão “exercício espiritual”, remete ao termo grego “askêsis” que quer dizer ascese e “gumnasion” que são os exercícios de ginástica. O exercício é preparatório da ação. O exercício é o treinamento prévio para a prova esportiva. O termo exercício cuja origem encontramos no treinamento esportivo foi transposto para o domínio espiritual:
O paralelismo entre exercício físico e exercício espiritual esta subjacente aqui: do mesmo modo que, pela repetição de exercícios corporais, o atleta da a seu corpo uma forma e uma força novas, por meio de exercícios espirituais o filósofo desenvolve sua força da alma, modifica seu clima interior, transforma sua visão do mundo e, finalmente, todo seu ser (HADOT, 2014, p. 56).
Podemos reconhecer aqui a perspectiva estoica na qual ele situa conjuntamente os “exercícios espirituais”: “[...] para eles [os estoicos], a filosofia é um “exercício”. A seus olhos, a filosofia não consiste no ensino de uma teoria abstrata, ainda menos na exegese de textos, mas numa arte de viver, numa atitude concreta, num estilo de vida determinado, que engloba toda a existência” (HADOT, 2014, p. 22).
Os exercícios espirituais, antes de ser a expressão de um saber, corresponde a busca realizada como atividade transformadora: “... o exercício espiritual como uma prática voluntária, pessoal, destinada a operar uma transformação do indivíduo, uma transformação de si” (HADOT, 2016, p. 115-16). O objetivo é realizar uma mudança concreta da conduta e da existência. Esta busca atravessa a estrutura de todo o pensamento grego, a exemplo do que afirma Sócrates na Apologia, escrita por Platão:
Como se dá, caro amigo, que, na qualidade de cidadão de Atenas, a maior e mais famosa cidade, por seu poder e sabedoria, não te envergonhes de só te preocupares com dinheiro e de como ganhar o mais possível, e quanto à honra e à fama, à prudência e à verdade, e à maneira de aperfeiçoar a alma, disso não cuidas nem cogitas? E se algum de vós protestar e me disser que cuida, não o largarei de pronto nem me afastarei dele, mas o interrogarei, examinarei e arguirei a fundo (PLATÃO, 2001, 29d-e, p. 130).
O diálogo socrático convida seu interlocutor a se preocupar menos com aquilo que lhe é exterior. O questionamento visa um procedimento terapêutico cujo exercício incide em uma mudança concreta. Sócrates apela para o bom uso da razão, para controle dos desejos erráticos que podem tomar as rédeas da existência. A reflexão visa permitir que o indivíduo encontre sua independência, sua autonomia, dirigir a sua vida pela razão e menos pelas paixões.
A proposição terapêutica da filosofia se insere em um movimento e uma vontade de compreensão e interpretação da existência e do mundo. O “cuidado de si” e o “cuidado do mundo” são os mesmos cuidados, ponto originário da filosofia antiga. Esse caminho é exigente: os exercícios espirituais e o pensamento não se colhem sem o cultivo devido. É preciso realizar uma conversão filosófica.
- Conversão e prática dos exercícios espirituais
O exercício espiritual não é indicado para um determinado período da vida com o objetivo de diminuir determinada ansiedade ou determinado mal-estar. O exercício espiritual não se confunde como uma eventual meditação realizada com o objetivo de aplacar um sofrimento momentâneo. Neste aspecto, ele se distingue do desenvolvimento pessoal ou mesmo de terapias que visam curar o paciente de um sintoma específico. O exercício espiritual se insere na existência que continua o seu ritmo normal e só ganha significado e relevância quando causa uma mudança no rumo da existência.
O exercício espiritual se diferencia do treinamento esportivo com o qual ele partilha a necessidade de repetição, de recorrer a um certo esforço para manter uma certa constância. O esportista, entre os treinos coloca seu corpo em repouso. O espírito, como aprendemos com os estoicos, permanece vigilante. Esta permanência do exercício espiritual, conduz a elaboração de uma nova noção, aquela de uma conversão. Esta é, por sua vez, a condição e o meio de colocar em prática filosófica.
A noção de conversão é central na filosofia antiga e está singularmente presente, mas não exclusivamente, nos epicuristas, nos estoicos e nos cínicos. É necessário despir a noção de conversão do sentido religioso. Com efeito, a noção de conversão apareceu alguns séculos antes do cristianismo e estava no coração da filosofia antiga. Esta noção é analisada por Michel de Foucault, está ligada ao cuidado de si: “... o cuidado de si não está ligado à aquisição de um status particular no interior da sociedade. E o ser inteiro do sujeito que, ao longo de toda a sua existência, deve cuidar de si e de si enquanto tal” (FOUCAULT, 2006, p. 301). O cuidado de si, que é um retorno sobre si, uma reorientação do olhar, constitui o fundamento da conversão filosófica.
A conversão filosófica é uma passagem ao ato, fundada sobre uma decisão que concerne tanto ao espírito quanto ao corpo do sujeito. Ela realiza, então, uma espécie de mudança que não consiste apenas em fazer tábula rasa da existência. É uma mudança radical, uma metamorfose engajada, uma espécie de deslocamento do sujeito. Há um antes e um depois, um corte, uma inversão da percepção.
O retorno a si, a conversão, é equiparada à navegação por Foucault: “A trajetória em direção a si terá sempre alguma coisa de odisseico” (FOUCAULT, 2006, p. 303). Ulisses vai de um ponto a outro para ir, apesar dos desencontros, dos perigos encontrados, das promessas de imortalidade, rumo a seu porto de ancoragem, seu lugar de origem: a Ítaca, o retorno às fontes. A viagem, como o retorno a si, não é mais um simples passeio de saúde, ela comporta riscos. Ela procede, portanto, de uma escolha consciente. O retorno a si, ou seja, a “conversão filosófica” é um caminho que requer, como a navegação, uma constante vigilância, uma atenção a si como já foi sublinhado pelos estoicos.
A conversão filosófica não significa um fechamento ao mundo, mas uma mudança de perspectiva, uma nova orientação do olhar. Se converter a si, se ocupar de si mesmo é repensar, interrogar e examinar o mesmo de outro modo, se construir enquanto sujeito. O “retorno a si” não é tanto um gesto introspectivo, mas um caminho que conduz à construção do sujeito cuja subjetividade é fundada, não através apenas do conhecimento (como dirá Descartes), mas através da ascese filosófica, através de uma relação do eu consigo mesmo revisitada.
Na conversão, os exercícios espirituais revelam todo o poder terapêutico da filosofia. Eles são fundamentais para a conversão filosófica, para a mudança de perspectiva, para a elaboração de uma nova percepção. O sujeito disperso, destronado, agitado pelos acontecimentos e pelas paixões, restaura a sua liberdade e age sobre e a partir de sua existência. O retorno sobre si rima com desvelamento de um eu encoberto de estratos inúteis, de bens, de convenções a fim de atingir o justo necessário, quer dizer, o próprio eu. O retorno sobre si não é, portanto, um ato introspectivo e psicológico. Esse retorno sobre si faz de si mesmo um objeto de conhecimento ou estudo e assim um movimento desta procura dirigida e voltada rumo a um fim, uma sabedoria, não um puro saber.
- Conclusão
É impossível imaginar a filosofia sem o impacto sobre a existência. No que precede procuramos demonstrar que a filosofia antiga compreende uma dimensão a um só tempo existencial, prática e terapêutica. Ela é existencial uma vez que ela interroga sobre as nossas escolhas, nossas prioridades, nossa relação com o mundo e com a totalidade de nosso modo de vida. Ela se torna prática através dos exercícios que descrevemos acima, que também possuem uma função terapêutica. Esta função já está incluída nas condições de emergência da própria filosofia: a busca da sabedoria em detrimento do saber; o conhecimento de si em detrimento do conhecimento sobre o ser.
Mesmo que a filosofia tenha por filiação e companhia o cuidado, a terapêutica filosófica não pode se transformar em cura. A cura é antinômica ao próprio gesto filosófico, quer dizer, ela não condiz com os questionamentos que apela a outros e não mantém a pergunta, uma vez que visa um fim. Por isso o impacto terapêutico da filosofia soará sempre como um convite para o distanciamento do termo médico cura. O impacto terapêutico da filosofia está ligado a elaboração contínua do sujeito e esta, por sua vez, é uma elaboração permanece sempre mais ou menos como processo inacabado.
Referências
FOUCAULT, Michel. A hermenêutica do sujeito: curso dado no Collège de France (1981-1982). 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
GUAL, Carlos Garcia; MENDEZ, Eduardo Acosta. Ética de Epicuro: la génesis de una moral utilitária. Barcelona: Barral Editores, 1974.
HADOT, Pierre. O que é isso a filosofia antiga? 2 ed. São Paulo: Loyola, 2008.
______. Exercícios espirituais e filosofia antiga. São Paulo: É Realizações, 2014.
______. A filosofia como maneira de viver. São Paulo: É realizações, 2016
LOYOLA, Santo Inácio de. Exercícios espirituais. 8 ed. São Paulo: Loyola, 2000.
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Fragmentos póstumos: 1875-1882. Madri: Tecnos, 2008. (v. II).
NUSSBAUM, Martha Craven. La terapia del deseo: teoría y práctica en la ética helenística. Barcelona: Paidós, 2003.
PLATÃO. Apologia. 2 ed. Belém: Edufpa, 2001 [Bilíngue].
VOELKE, André-Jean. La philosophie comme thérapie de l’âme. Fribourg: Universitaires de Fribourg, 1993.